Face ao aumento da procura energética e às tensões nas importações de gás, vários países da África Ocidental estão a trabalhar para garantir o fornecimento e reforçar a resiliência dos seus sistemas nacionais.
Reunidos em Abidjã no domingo, 7 de dezembro de 2025, os ministros responsáveis pela Energia da Costa do Marfim, Togo e Benim acordaram a criação de um quadro tripartido destinado a assegurar o abastecimento regional de gás natural. O encontro, apoiado pelo grupo do Banco Mundial, responde a um desafio energético comum aos três países costeiros, cuja produção elétrica depende cada vez mais do gás.
É o caso do Togo, representado nestes trabalhos pelo ministro Robert Koffi Eklo. O país enfrenta uma pressão crescente sobre o seu abastecimento energético, com elevados custos de produção associados ao uso de combustíveis líquidos. O ministro destacou a importância de uma cooperação alargada e mencionou a criação, a longo prazo, de uma instituição regional do gás modelo do WAPP para a eletricidade.
O vice-presidente do Banco Mundial para a África Ocidental e Central, Ousmane Diagana, sublinhou a relevância de uma coordenação regional para reforçar a credibilidade da procura e melhorar as condições de negociação com fornecedores internacionais. A instituição mostrou-se pronta para apoiar os três Estados, nomeadamente através da IFC e da MIGA.
Três medidas-chave
A declaração final prevê três eixos prioritários: mutualizar a importação de GNL, criar em um mês um grupo de trabalho técnico para estudar o modelo operacional, e estruturar um projeto considerado bancável com o apoio do Banco Mundial. O objetivo é reduzir custos, melhorar a segurança do abastecimento e apoiar a transição para fontes menos poluentes.
Costa do Marfim: potencial polo gasífero regional
A nova dinâmica insere-se num contexto em que a Costa do Marfim reforça rapidamente o seu potencial gasífero, com importantes recursos comprovados. O campo Baleine (que contém cerca de 3,3 trilhões de pés cúbicos de gás), em produção desde 2023, já abastece centrais elétricas nacionais. Uma nova fase de exploração começou há alguns meses com o navio de perfuração Deepwater Skyros, que deverá perfurar três poços adicionais nas zonas de Civette, Calao e Caracal.
Paralelamente, um projeto de gasoduto bidirecional ligando a Costa do Marfim ao Gana continua em estudo. Os dois países reafirmaram a vontade de avançar para uma interconexão gasífera que serviria a produção elétrica, fertilizantes e indústria. Este projeto estará alinhado com a integração energética regional e poderá, a longo prazo, abastecer ainda mais o West African Gas Pipeline, que liga Gana, Togo e Benim.
Este segundo polo gasífero da África Ocidental reduziria, nomeadamente, a dependência estrutural do gás nigeriano e reforçaria a diversificação do abastecimento para Togo e Benim.
Ayi Renaud Dossavi













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