A fractura digital continua a ser acentuada em Angola. Segundo os dados da DataReportal, mais de metade da população ainda não utiliza a Internet.
O governo angolano pretende facilitar a exploração comercial do satélite de telecomunicações nacional Angosat‑2 para melhorar o acesso à Internet no país. Um hub dedicado foi inaugurado na terça-feira, 16 de dezembro, permitindo que startups, fornecedores de serviços de Internet (ISPs) e operadores de telecomunicações se conectem diretamente às capacidades do satélite.
Esta infraestrutura, instalada no Centro de Controlo e Missão de Satélites (MCC) em Funda, foi apresentada pelo Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN). Está associada ao portal «Conecta Angola Comercial», uma plataforma digital que centraliza o processo de solicitação de kits, serviços e capacidade do satélite Angosat‑2.
Segundo responsáveis do GGPEN, o novo hub permitirá reduzir barreiras técnicas e comerciais, oferecendo às pequenas empresas a possibilidade de integrar serviços satelitais nas suas ofertas, acelerar a implementação de projetos e alcançar localidades onde a cobertura terrestre ainda é limitada.
«Estamos a criar as condições para que pequenas e médias empresas, assim como startups, possam também fornecer serviços de conectividade e inovação diretamente às comunidades», afirmou Mário Oliveira, ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.
Esta iniciativa ocorre num contexto em que o governo angolano aposta na tecnologia espacial para acelerar o desenvolvimento do país, nomeadamente através da melhoria da qualidade e da cobertura dos serviços de telecomunicações. Um foco particular é dado às comunidades remotas e mal servidas, visando reduzir rapidamente a fractura digital. O país colocou o seu satélite em órbita em outubro de 2022, em parceria com a Rússia, e o presidente João Lourenço autorizou a exploração comercial da infraestrutura em janeiro de 2023.
Uma das principais utilizações do satélite é o projeto «Conecta Angola», lançado em 2023. Liderado pelo operador público Angola Telecom, o projeto visa fornecer conectividade gratuita à Internet em áreas remotas de Angola onde nenhum operador móvel está ativo, recorrendo às capacidades do satélite Angosat‑2. O projeto destina-se sobretudo a instituições públicas, como escolas, hospitais e administrações municipais. O GGPEN indica que já foram criados dezenas de pontos de acesso à Internet, beneficiando centenas de milhares de cidadãos.
Para referência, Angola contava com 17,2 milhões de utilizadores de Internet, correspondendo a uma quota de mercado de 44,8 % no início de 2025, segundo dados da DataReportal. No início de 2023, quando começou a comercialização do satélite, o país tinha 11,78 milhões de assinantes de Internet, com uma taxa de penetração de 32,6 %.
Isaac K. Kassouwi













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