A divisão digital continua acentuada na República Centro-Africana. Cerca de 85% da população não utilizava a Internet no início de 2025, segundo dados da DataReportal.
Na quinta-feira, 18 de dezembro, o governo centro-africano assinou um acordo com o fornecedor norte-americano de serviços de Internet via satélite Starlink. Subsidiária da SpaceX, empresa aeroespacial fundada por Elon Musk, a Starlink está assim autorizada a iniciar as suas atividades comerciais na República Centro-Africana numa data ainda não divulgada. As autoridades consideram esta iniciativa um avanço importante na luta contra a divisão digital, sobretudo nas zonas rurais e isoladas, onde o acesso à Internet continua limitado ou mesmo inexistente.
«Com base em soluções satelitais de alta velocidade, a Starlink pretende expandir a cobertura nacional e reforçar a resiliência das comunicações num país com desafios significativos em termos de infraestruturas terrestres», indicou o Ministério da Economia Digital, dos Correios e das Telecomunicações, num comunicado publicado nas redes sociais.
Dados da União Internacional de Telecomunicações (UIT) mostram que, em 2023, as redes 2G e 3G cobriam apenas 59,6% da população centro-africana, enquanto a 4G alcançava apenas 0,3%. Quanto ao uso, a plataforma DataReportal registava 839.000 utilizadores de Internet no início de 2025, correspondendo a uma taxa de penetração de 15,5%.
Presente na cerimónia de assinatura, o Presidente da República, Faustin-Archange Touadéra, afirmou que a chegada da tecnologia satelital abre perspetivas concretas para a melhoria dos serviços públicos, o desenvolvimento do ensino online, a implementação da telemedicina e um melhor acesso à informação. Todos estes fatores podem acelerar a inclusão digital e apoiar a retoma socioeconómica.
As autoridades reconhecem, no entanto, que várias condições deverão ser reunidas para garantir um impacto real. A acessibilidade financeira dos serviços é um desafio central num contexto de baixo poder de compra. As tarifas da Starlink na República Centro-Africana ainda não são conhecidas. Para referência, no vizinho Chade, a assinatura mensal varia entre 18.000 FCFA (cerca de 32 dólares) e 32.000 FCFA, acrescendo o custo do equipamento, que oscila entre 117.000 e 228.000 FCFA, consoante o modelo.
O Ministério das Telecomunicações salientou ainda a necessidade de reforçar as infraestruturas energéticas, consideradas indispensáveis ao funcionamento sustentável dos equipamentos digitais. Foi igualmente destacada a importância de criar um quadro regulamentar estável, transparente e inclusivo, garantindo concorrência justa entre operadores e proteção dos consumidores, assim como a formação dos jovens para as profissões digitais.
Isaac K. Kassouwi













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