Em África, o mercado da cerveja e das bebidas alcoólicas está em plena expansão, impulsionado pelo crescimento demográfico e económico. Uma dinâmica que desperta o interesse de novos intervenientes estrangeiros.
O grupo agroalimentar japonês Asahi Group Holdings anunciou, na quarta-feira, 17 de dezembro, ter celebrado acordos para adquirir as atividades do fabricante britânico de bebidas espirituosas Diageo na África Oriental. Num comunicado publicado no seu site, a empresa esclarece que esta operação, sujeita à obtenção das autorizações regulamentares, deverá ser concluída no segundo semestre de 2026.
Um investimento estratégico superior a 2 mil milhões de dólares
Em termos concretos, a aquisição das atividades da Diageo inclui, nomeadamente, a compra de 100% das ações da Diageo Kenya Limited (DKL), avaliadas em 2,35 mil milhões de dólares, e de 53,68% das ações da United Distillers Vintners Kenya (UDVK) por um montante de 646 milhões de dólares. Caso a transação se concretize, permitirá igualmente à Asahi Group Holdings deter indiretamente 65% do capital da cervejeira East African Breweries PLC (EABL), a holding regional que reúne as principais filiais da Diageo na África Oriental.
Com esta aquisição, a Asahi inicia o seu primeiro capítulo na África Oriental, um mercado em forte crescimento onde, até agora, não tinha qualquer presença, e onde pretende afirmar-se de forma duradoura. “O nosso objetivo é lançar as bases para um crescimento a médio e longo prazo através da aquisição de uma plataforma de referência no Quénia e na África Oriental, uma região cujo crescimento a longo prazo deverá ser sustentado pelo aumento da população e pela expansão económica”, indica o grupo japonês.
Um dos principais pesos-pesados da indústria cervejeira da região, a EABL comercializa cervejas, bebidas espirituosas e bebidas prontas a consumir no Quénia, no Uganda e na Tanzânia. O seu portefólio inclui marcas emblemáticas de cerveja como Tusker, Serengeti e Bell Lager, bem como bebidas espirituosas internacionais como Johnnie Walker, Smirnoff e Captain Morgan.
No final do seu exercício fiscal de 2025, a empresa registou um crescimento de 4% do volume de negócios, atingindo 128,8 mil milhões de xelins quenianos (999,1 milhões de dólares), e um aumento de 12% do lucro líquido, para 12,2 mil milhões de xelins (94,6 milhões de dólares).
Um contexto favorável à implantação
Importa salientar que a decisão da Diageo de ceder a sua participação na EABL se enquadra numa estratégia do grupo britânico que visa realizar desinvestimentos seletivos em ativos não essenciais, com o objetivo de reforçar o seu balanço e reduzir o endividamento. No seu relatório anual de 2025, a empresa declarou uma dívida líquida de 21,8 mil milhões de dólares.
A saída da EABL não constitui um caso isolado em África. Desde 2024, a Diageo já tinha alienado participações em várias filiais, como a Guinness Nigeria, a Guinness Ghana Breweries Ltd e a Seychelles Breweries Ltd (Seybrew).
Com efeito, o continente africano figura entre as regiões onde o grupo regista menores volumes de vendas. No final do exercício fiscal de 2025, a Diageo declarou um volume de negócios global de 20,2 mil milhões de dólares, dos quais 40% realizados na América do Norte, 24% na Europa, 18% na região Ásia-Pacífico e, respetivamente, 9% em África e na América Latina e Caraíbas.
Resta agora observar se a entrada da Asahi, um novo ator asiático num mercado historicamente dominado por grupos europeus e norte-americanos, irá alterar os equilíbrios concorrenciais da indústria cervejeira na África Oriental.
Stéphanas Assocle













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