Em África, a introdução de organismos geneticamente modificados (OGM) na agricultura continua ainda limitada. Um dos poucos países do continente a ter aprovado esta tecnologia, o Ruanda tem vindo a multiplicar os investimentos para reforçar as suas capacidades.
No Ruanda, o Ministério da Agricultura deu, na segunda-feira, 15 de dezembro, o arranque ao projeto denominado Rwanda Biotech Capacity Building (BioCap). Este projeto será implementado nos próximos cinco anos pelo Escritório Nacional de Desenvolvimento da Agricultura e Recursos Animais (RAB) e pelo Centro Internacional da Bata
ta (CIP), com o objetivo de reforçar as competências dos cientistas do país para desenvolver variedades melhoradas de culturas agrícolas.
Num comunicado publicado no seu site, o Ministério da Agricultura indica que o projeto se concentrará inicialmente em três culturas estratégicas: mandioca, batata e banana.
Centro de biotecnologia de 14 milhões de dólares anunciado em Rubona
Uma das principais iniciativas previstas no âmbito do projeto BioCap é a construção de um centro de excelência em biotecnologia de culturas num terreno do RAB em Rubona. Segundo informações divulgadas pelo jornal local The News Times, a criação deste centro de excelência é apoiada por um financiamento de 14 milhões de dólares da Fundação Bill & Melinda Gates.
Esta infraestrutura de investigação, uma vez operacional, destina-se a formar cientistas ruandeses em técnicas avançadas de transformação genética, edição do genoma, diagnósticos moleculares e biossegurança. De acordo com Florence Uwamahoro, diretora-geral interina do RAB, estas tecnologias permitirão desenvolver variedades de batata resistentes ao míldio, uma doença fúngica que pode provocar perdas estimadas entre 60 e 100% das colheitas do tubérculo na África Oriental.
Está também previsto integrar a resistência ao vírus do estriado da mandioca (uma doença fúngica capaz de destruir até 80% das colheitas) através da melhoria genética, e tornar algumas variedades de banana mais resistentes à murcha bacteriana e ao Fusarium (fungo responsável pela fusariose).
“O projeto BioCap também reforçará a capacidade do Ruanda de gerar dados regulatórios, ambientais e de segurança alimentar, bem como de integrar culturas biotecnológicas em ensaios de desempenho, sistemas de sementes e serviços de extensão agrícola”, declarou Solange Uwituze, Ministra da Agricultura e Recursos Animais.
Rumo à aceleração da integração dos OGM na agricultura?
No Ruanda, o reforço das capacidades dos investigadores em biotecnologia é particularmente estratégico, uma vez que o governo pretende fazer dos OGM um vetor para desenvolver a produção agrícola.
Neste contexto, o Programa Nacional de Biotecnologia foi lançado em outubro de 2024, com um custo total de 9,9 milhões de dólares. Este plano quinquenal visa melhorar a produtividade de culturas estratégicas como a mandioca, o milho e a batata, através da introdução de variedades geneticamente modificadas, resistentes a doenças, pragas e à seca.
É importante notar que, desde 13 de julho de 2023, o governo ruandês aprovou uma nova lei que autoriza a utilização, processamento, comercialização, importação e exportação de OGM. Contudo, até ao momento, nenhum produto agrícola OGM é cultivado em larga escala no país.
Quanto aos últimos desenvolvimentos do setor, o RAB iniciou, em setembro de 2024, testes com variedades de batata OGM resistentes ao míldio.
Stéphanas Assocle













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