Enquanto as receitas bloqueadas das companhias aéreas diminuem ligeiramente a nível global, a África continua a ser a principal região onde se concentram estes atrasos. Isto evidencia as fragilidades dos sistemas cambiais e as tensões nos serviços de conectividade aérea no continente.
No final de outubro de 2025, a África permanecia o epicentro mundial das receitas em atraso das companhias aéreas. Segundo a última atualização da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), o continente e a região do Médio Oriente concentram, juntos, cerca de 93% dos 1,2 mil milhões de USD de receitas bloqueadas em 26 países. Quinze Estados acumulam, só por si, 1,08 mil milhões de USD de créditos, dos quais 12 países africanos concentram 857 milhões de USD.
A Argélia lidera o ranking mundial, com 307 milhões de USD em fundos devidos às companhias aéreas. Segue-se um grupo de seis países da África Central (Camarões, República Centro-Africana, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial e Gabão) que totalizam 179 milhões de USD. Também constam desta lista Moçambique (91 milhões de USD), Angola (81 milhões de USD), Eritreia (78 milhões de USD), Zimbabwe (67 milhões de USD) e Etiópia (54 milhões de USD).
Embora a situação global apresente uma ligeira melhoria, com uma diminuição de 100 milhões de USD em relação a abril de 2025, ela degrada-se em vários países. A IATA explica esta dinâmica pelo aumento das formalidades administrativas, especialmente na Argélia, e pela instabilidade política persistente em algumas economias. «A instabilidade política e económica é um fator chave nas restrições monetárias em África e no Médio Oriente, levando a montantes significativos de fundos bloqueados. Reconhecemos que a atribuição de divisas é uma decisão política difícil, mas os benefícios a longo prazo para a economia e o emprego superam o alívio financeiro a curto prazo», afirmou Willie Walsh, diretor-geral da associação.
A Nigéria, há muito considerada a principal devedora do continente, anunciou em novembro de 2024 ter liquidado quase 98% da sua dívida, anteriormente estimada em cerca de 850 milhões de USD, num total africano de 1,68 mil milhões de USD. Esta decisão surgiu na sequência da suspensão de voos para o país por várias companhias internacionais, incluindo Emirates e Etihad Airways. Segundo a IATA, o não repatriamento das receitas, geralmente associado a restrições na gestão de divisas, fragiliza a saúde financeira das companhias aéreas e perturba a continuidade das suas operações nos países em causa.
Henoc Dossa













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